Ao chegar ao final do thriller psicanalítico "Possessões", o leitor do gênero, seduzido logo às primeiras páginas, terá que admitir que Julia Kristeva lhe forneceu todos os elementos saborosos que ele poderia almejar: um corpo decapitado, drogado, esfaqueado, estrangulado, dois assassinos psicopatas, um quadro de Picasso falso, uma criança surda, porém brilhante, um estudante epilético, um professor de psiquiatria e alguns parisienses expatriados. Tudo isso temperado pela prossa filosófica e pela fina e precisa observação de uma autora que persegue o romance noir pelo jogo que ele propõe. Pela sensação de que ele nada mais é que uma sessão de análise acumulada.